Com apoio do CRMV/AM, boto Curumim, atingido por uma zagaia, está fora de perigo
Fotos e vídeos: Lúcio Igor Picanço
FINAL FELIZ
“O boto curumim está bem, feliz, alimentando-se normalmente e voltou a ser o animal dócil de sempre”. Dra Jucileide Souza de Araújo.
A médica-veterinária Jucileide Souza de Araújo, membro da Comissão de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Amazonas (CRMV/AM), integrou a equipe de socorro ao boto Curumim, no município de Novo Airão, atingido por uma zagaia na região ocular, em meados de maio, poucos dias após ela tomar posse na comissão do Conselho.
Como tudo aconteceu
Jucileide, que atua profissionalmente com animais selvagens, conta que recebeu a notícia e o pedido de ajuda do ICMBio no dia 18 de maio e acionou vários parceiros, entre eles, o presidente do CRMV/AM, Ednaldo Souza, que colocou a autarquia à disposição.
Não se sabe exatamente desde quando o animal estava ferido, pois o mamífero deixou de ir durante alguns dias ao ‘flutuante dos botos’ onde diariamente vai para se alimentar. “Mas o ferimento era recente. Não havia nenhum processo inflamatório ao redor. Nosso medo era que ele sumisse e morresse sem tratamento porque não sabíamos se o arpão tinha atingido olhos, crânio, e outras regiões importantes”, disse.
Curumim foi encontrado a 40 quilômetros do flutuante, numa comunidade vizinha. Não foi possível retirá-lo de dentro da água, pois além de o boto pesar mais de 100 kg e estar muito arisco – talvez pelo ferimento – , o rio está muito cheio nessa época, o que impossibilitou a captura numa margem de areia.
“A zagaia estava totalmente inserida na região próxima ao olho. Não dava pra saber se uma das pontas havia alcançado a visão. Somente com um raio-x seria possível saber, o que não deu pra fazer por causa da dificuldade de captura do animal”, explicou a veterinária.
A opção foi conversar com a proprietária do flutuante dos botos – Monike Almeida – para medicá-lo todos os dias com o antibiótico e anti-inflamatório dentro do peixe que ela dava para ele se alimentar. E assim foi feito. Graças à dedicação e amor incondicional da família da Monike, sua irmã e sua mãe que não deixaram de cuidar dele um dia sequer, Curumim ficou bem. A irmã de Monique se mudou para a comunidade durante 14 dias para dar o remédio ao animal.
No 13º dia, a zagaia foi expulsa pelo próprio organismo. O ferimento está cicatrizando. Curumim voltou a ser mais dócil e agora é possível continuar o tratamento apenas passando a medicação diretamente na ferida. E o mais importante: o arpão não afetou a visão do animal.
“A prova de que ele está bem é que ele nadou os 40 quilômetros de volta até o flutuante seguindo a nossa equipe”, contou Jucileide, emocionada.
A veterinária conta que vai voltar a Novo Airão em breve para continuar o acompanhamento do boto para ver a cicatrização da ferida e mantém contato com Monike.
História do Curumim
Curumim é um animal conhecido há pelo menos 26 anos pela família da Monique Almeida, proprietária do flutuante dos botos. É muito dócil e inteligente, assim como os golfinhos. É um símbolo do turismo da cidade de Novo Airão. As pessoas do flutuante o protegem e não permitem que entrem na água com ele e só o alimentem de forma limitada.
Agradecimentos
Ao CRMV/AM, pela presteza em ajudar no que fosse possível, à unidade local do ICMBio, na pessoa do também médico-veterinário Diogo Lagroteria, pelo apoio com alojamento e o deslocamento em busca do Curumim, à proprietária do ‘flutuante dos botos’, Monike Almeida e sua família pelo amor ao animal e tratamento correto, à Prefeitura de Novo Airão pelo apoio com alimentação no restaurante da dona Zefa durante os dias em que a equipe esteve em campo.